sábado, abril 28, 2007

Thugas



Então mas se rappar em português é que é, porquê Sam The Kid!?
Alguem me sabe dizer o que é uma hipérbole? Ou um pleonasmo?

Stephen Hawking: gravidade zero

Photo Credit: By Steve Boxall (Washington Post)

A maçã é uma homenagem a Sir. Isaac Newton.

sexta-feira, abril 27, 2007

Viva o Marquês

Lisboa já tinha um metro, a mais das vezes avariado e que chega a todo lado sem verdadeiramente nos levar a lado algum. Já tinha em Alcântara um abandonado, sujo e triste interface multimodal, como se diz, tinha auto-estradas, uma Segunda Circular, quase sempre engarrafada, uma Cril, ainda que inacabada (rimou mas foi sem querer) e uma Crel, só que lhe faltava mais qualquer coisinha para se sentir uma capital como as outras. Felizmente que o “desejado” que deveria abrir o Parque Mayer passados cinco meses após a sua eleição para presidir aos destinos da Câmara Municipal de Lisboa, teve a "praeclara" e genial ideia de criar um túnel que atravessasse a emblemática praça do Marquês, um pouco como se em Paris de construísse um túnel sob o Arco do Triunfo. De certo que se via já retratado como o Marquês, num quadro de Van Loo, de braço largo apresentando o dito túnel à cidade.

Começaram as obras, o sujeito virou Primeiro Ministro, as ditas foram embargadas, o consulado acabou e regressado à Câmara retomaram-se os trabalhos, que tão importante obra de desenvolvimento não podia parar, marco historio do progresso português à beira rio plantado, aparte o cancro que entretanto se abrira num dos acessos à capital. Mas isso nao interessava nada, que o mais eram bocas da oposiçao e os cancros ja os havia antes mesmo do Presidente, ex-Primeiro Ministro, ter arrebatado o tacho, perdao digo o cargo.

A obra demorou, não tanto como o Convento de Mafra, que o monarca não chegou a ver terminado e que não esta acabado, mas a demora fez-se longa eo que a uns cabe planear a outros caberia inaugurar. Santana partiu e o seu sucessor lá abriu o túnel ontem, Dia da Liberdade, com corta fita e discurso a condizer, suponho eu, ja que as informaçoes sao escassas. E livremente os lisboetas e os que buscam entrar na capital nas suas modernas caleches, utilizaram esta obra de engenharia.

Estupefacção! Segundo noticia do Publico o túnel deve fechar aos fins de semana, feche-se por um mês dizem os bombeiros! Pobre Marquês, do alto do seu pedestal já nem esta obra subterrânea pode contemplar. Entretanto os automobilistas ganharam quinze minutos no trajecto! Quinze minutos! Um prodígio, em quinze minutos um homem não chega à Lua, mas consegue chegar ao outro lado da Praça do Marquês e desembocar em pleno bulício da Fontes Pereira de Melo, agora, mais do que nunca, transformada em via rápida numa cidade cada vez mais descaracterizada. E ainda há quem diga que o pais não se moderniza, quando a capital apresenta um túnel de fazer inveja a qualquer cidade que se preze. Quinze minutos! E o record do TGV que não durou nem um minuto.

Enquanto isso, como o metro ainda não chega às Amoreiras, nem a Campolide, nem a Campo de Ourique, nem a Alcântara, nem à Graça, nem a bem dizer a lado algum que dê mesmo jeito, o desgraçado do utilizador dos amarelos da Carris deve gastar os quinze minutos que ganhou no trajecto, de pé, contra um qualquer estafermo mal cheiroso, ou carregado de sacos de compras, na pior das hipóteses sem ar condicionado, porque esta avariado ou há que fazer economias, Protocolo de Quioto e Aquecimento Global pedem sacrifícios. Isto, claro esta, se a Carris não tiver alterado as carreiras e espaçado os autocarros, que com tão importante ganho de tempo não se justifica tanta irregularidade.

Decoração de Jardim

The Real Cookie Monster

A propósito de Distopias

Bem, eu nem sei como começar isto, mas cá vai. É melhor tentar do que não fazer..

Ao fim de 3 anos e um mês resolvemos (acho que posso falar no plural) re-entrar no anonimato blogosférico e começar a despejar novamente cá pra fora o que apetecesse escrever. Depois de tanto tempo a ler bacoradas de toda a espécie, boas e más, geniais e desprezíveis, achei que se calhar eu também sou capaz de dizer algumas coisas engraçadas. E cá vai disto:

A propósito de Distopias

Os crominhos Sergey Brin e Larry Page não escondem propriamente as suas humildes origens científicas. Se vivessem em Portugal, seriam duas espectrais figuras de óculos grossos - mal lavados e piormente vestidos - que assombrariam os penosos corredores do Instituto Superior Técnico, trocando piadas incompreensíveis com os seus semelhantes e ostentando o seu QI de forma sempre barroca e insistente. Pois bem, voltando ao início - cromos.

Quis a Grande Variável Aleatória do Multiverso (ou destino, Deus, karma, etc) que o seu algoritmozinho de garagem os tornasse Instant Billionaires - com todo o mérito que Page e Brin merecem - verdadeiras celebridades cromáticas, venerados, invejados e estudados por bué, bué de gente. O Google lá apareceu nas nossas vidas e dicionários. Hoje é praticamente impossível "andar na net" e fazer de conta que não o conhecemos.

No início, foi engraçado aceder um motor de busca sem lixo; era limpo e eficaz. Tinha piada.
Actualmente continua eficaz, mas já não posso lhes posso elogiar a limpeza. Já me habituei a ver aqueles irritantes linquezinhos inúteis que rendem cêntimos com o mesmo desprezo com que vejo as minhas coisas desarrumadas pelo quarto. É por isso que eu não sou bilionário, talvez um dia eu consiga espalhar o meu lixo em milhares de milhares de sites por toda a net e cobrar fortunas por isso. Enfim.

O império destes rapazes tem como sede o Googleplex, em Mountain View, Cali-fucking-fornia U.S.A. É uma Meca de inovação, investigação, trabalho e entretenimento, aclamada e investigada por todo o mundo ocidental (Ásia incluída). Se se dignarem a investigar um bocado, verão que os Google Employees podem levar o cão para o trabalho ou as crianças, podem dormir lá, têem direito a massagens grátis, ginásio, uma cantina/restaurante com 4 menus diários diferentes: "Charlie’s Grill," "Back to Albuquerque," "East Meets West" e "Vegheads", e eu deixo o resto da lista à vossa imaginação.

É que, apesar do meu sarcasmo evidente, não estou realmente aqui para descrever a filosofia Google. O que eu quero realmente comentar é outra coisa.
Algures na busca pela inovação e pelo bem-estar, os nerds Brin e Page condicionam os seus empregados a sentirem-se "em casa" no seu local de trabalho. Para que a produtividade seja máxima são concedidos todos os prazeres e todas as liberdades. Absolutely no excuses. E pelo que consta, gostam mesmo todos de trabalhar lá. E a empresa até não vai mal.

O que é que está mal aqui? Imaginemos que o modelo pega e que daqui a 50 anos vamos ao supermercado, e somos atendidos na caixa por uma mãe adolescente a tomar conta do seu bebé (no berço, ao lado da caixa). Ou que teremos que esperar pacientemente que um advogado acabe a sua série de 20 repetições antes que possamos entrar no escritório. Estão a ver onde eu quero chegar?

A beleza desta situação é que, se tal acontecer daqui a 50 anos, nem sequer teremos que ir ao supermercado ou ao advogado, porque esses mesmos serviços poderão ser fornecidos pela empresa onde trabalhamos. A nova Família toma conta. E nós gostaremos. Se todos os caprichos forem cumpridos, gostaremos e muito.

Este cenário já foi escrito exaustivamente, já foi imaginado, profetizado, extrapolado.
E nunca estivemos tão perto de o atingir.

Nestes dias em que o mundo se transforma a galope e se vê no limiar de alguma coisa, parece que tudo anda demasiado devagar e nunca nos apercebemos que, se calhar, já demos o distópico passo em frente em direcção ao não-sabemos-bem-o-quê.