quinta-feira, fevereiro 24, 2005

The Bible Sex Quiz

Do Middle Eastern men have large “external appendages” and great sexual prowess?

A.Whether they do or not, this is certainly not a subject the Bible would dare address.
B. No. Differential size and performance is a media myth.
C. Yes. In fact, Egyptians have penises the size of a donkey’s and ejaculations the volume of a horse’s.
D. Yes. Jews are really small.


Tudo isto e muito mais em The Bible Sex Quiz.

Os documentos do Jason

Ele trabalhava como webdesigner na capital do planeta, mas mandou o emprego às favas para blogar.

Simples, não é? Basta viver na capital do império, ter os contactos certos e estar a par de tudo o que se passa na grande maçã.

E uma ajudinha dos leitores, claro, porque isto dos blogs não mata a fome.

Um blog a seguir com atenção.

Olé Cristiano, Olé !



É a estrela da recente campanha da Pepe Jeans.

E o punk-trashy-chic fica-lhe bem!

Uma mão cheia de neve




O nevão em Madrid, ontem.
A "mão" de Botero na Castelhana e ao fundo as ruínas da Torre Windsor.

[ Crédito da foto: El Mundo ]

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Bem-vinda

Há um barulho lá fora, água a correr, pneus no piso molhado.

Está a chover em Lisboa!

Happy birthday, Master Frideric Handel!


O jovem Handel ao cravo
caixa de cigarros da marca Famous Minors (1935)



Quando lhe perguntaram porque é que “roubava” música ao compositor italiano Bononcini para introduzi-la nas suas próprias composições, Handel respondeu:

It's much too good for him; he did not know what to do with it.

Um cantor inglês, chamado Gordon queixava-se do método de acompanhamento de Handel ao cravo, e como Handel insistia em acompanhá-lo da mesma maneira, o cantor ameaçou saltar em cima do instrumento e parti-lo em pedaços. Handel respondeu-lhe:

Oh! Let me know when you will do that, and I will advertise it. For I am sure more people will come to see you jump, than to hear you sing.

Certa vez a grande diva italiana Francesca Cuzzoni (soprano) recusou-se a cantar a ária Falsa imagine da sua ópera Ottone, re di Germania. John Mainwaring, seu biógrafo, conta-nos que:

Having one day some words with CUZZONI on her refusing to sing “Falsa imagine” in OTTONE; Oh! Madame (said he) je scais [sic.] bien que Vous êtes une véritable Diablesse: mais je Vous ferai sçavoir, moi, que je suis Beelzebub le Chéf des Diables. With this he took her up by the waist, and, if she made any more words, swore that he would fling her out of the window.

Acerca da composição do famoso coro “Hallelujah” do Messias, Handel terá dito:

Whether I was in my body or out of my body as I wrote it I know not. God knows.

G. Hogath em Musical History conta-nos:

“When Messiah was first performed in London (1743), when the chorus struck up, 'For the Lord God omnipotent reigneth' ['Hallelujah Chorus'], reportedly the audience and King [George II] stood and remained standing untill the chorus had ended. Some days after the first performance, Handel visited Lord Kinnoul. His lordship paid him compliments on "the noble entertainment". Handel is said to have remarked,

My Lord, I should be sorry if I only entertained them; I wished to make them better.

Apesar de se ter naturalizado inglês, e ele mesmo se ter tornado uma glória nacional, os seus problemas com a língua inglesa sempre foram um motivo de intermináveis anedotas e malentendidos. John Taylor, Jr. em Records of My Life conta-nos:

I heard him [Morell] say that one fine summer morning he was roused out of bed at five o'clock by Handel, who came in his carriage a short distance from London. The doctor went to the window and spoke to Handel, who would not leave his carriage. Handel was at the time composing an oratorio. When the doctor asked him what he wanted, he said,

"What de devil means de vord [word] billow?"

which was in the oratorio the doctor has written for him. The doctor, after laughing at so ludicrous a reason for disturbing him, told him that billow meant wave, a wave of the sea.

"Oh, de vave",

said Handel, and bade his coachman return, without addressing another word to the doctor.

Handel era um homem muito alto, muito corpulento, características que o tornavam igualmente famoso. Tamanha corpulência requeria muito alimento. Certa vez, querendo jantar num restaurante, pediu um jantar para três pessoas. Mas a espera tornou-se tão longa que ele insistiu com o criado de mesa:

Why do you keep me so long waiting?

O prestável criado respondeu:

We are waiting till the company arrives.

Then bring up the dinner, prestissimo, - ordenou Handel - I am the company.

A fama e o génio do compositor não passaram despercebidos aos seus contemporâneos a nível internacional. Handel era justamente considerando um dos melhores compositores do mundo. Mas as reações eram as mais diversas.

Sir Isaac Newton acerca dos seus dotes como intérprete de instrumentos de tecla:

I found...nothing worthy to remark but the elasticity of his fingers.

O Dr. John Arbuthnot (matemático e físico seu contemporâneo) afirmava:

Conceive the highest you can of his abilities, and they are far beyond anything you can conceive.

O grande Johann Sebastian Bach:

Handel é a única pessoa no mundo que eu gostaria de conhecer antes de morrer, e a única pessoa que eu gostaria de ser, se não fosse Bach.

Acerca desta frase de Bach, Mozart comentou:

Na verdade eu faço minhas as suas palavras.

Jonathan Swift exclamou certa vez enquanto esperava em Dublin por uma visita de Handel:

O pray let me see a German genius before I die!

Depois de ouvir o coro “Hallelujah” do Messias, conta-se que o grande compositor Joseph Haydn chorava como uma criança, dizendo:

Ele é o mestre de todos nós.

Entre os seus maiores admiradores achava-se Beethoven:

Handel é o maior compositor que alguma vez viveu… Perante o seu túmulo eu tiraria o meu chapéu e pôr-me-ia de joelhos.

Sempre que lhe perguntavam quem era o maior compositor de sempre:

Handel! Perante ele eu ajoelho-me.

Outra vez Beethoven, ao consultar uma edição das obras de Handel:

Aqui está a verdade.

Alexander Pope:

Strong in new arms the giant Handel stands,
Like bold Briareus with a hundred hands.

Uma breve descrição física de Handel, por um seu contemporâneo:

[Handel] was large in person, and his natural corpulency, which increased as he advanced in age, rendered his whole appearance of that bulky porportion, as to give rise to Quin's inelegant, but forcible expression, that his hands were feet, and his fingers toes. From a sedentary life, he had contracted a stiffness in his joints,which in addition to his great weight and weakness of body, rendered his gait awkward; still his countenance was open, manly, and animated; expressive of all that grandeur and benevolence, which were the prominent features of his character. In temper he was irrascible, impatient of contradiction, but not vindictive; jealous of his musical pre-eminence, and tenacious in all points, which regarded his professional honour.
William Coxe, Anecdotes of G.F. Handel and J.C. Smith, (1799)

Uma das questões que divide os estudiosos da actualidade é a suposta homossexualidade do compositor. Fosse ou não gay, a verdade é que nunca casou, e são raras aos olhos dos seus contemporâneos as evidências de uma inclinação natural para com o sexo oposto, à excepção de dois casos que mais lembram meras situações contratuais que propriamente relações dominadas pelos afectos:

Handel contracted few intimacies, and when his early friends died, he was not solicitous of acquiring new ones. He was never married; but his celibacy must not be attributed to any deficiency of personal attractions...On the contrary, it was owing to the independence of his disposition, which feared degradation, and dreaded confinement. For when he was young, two of his scholars, ladies of considerable fortune, were so much enamored of him, that each was desirous of a matrimonial alliance. This first is said to have fallen a victim to her attachment. Handel would have married her; but his pride was stung by the coarse declaration of her mother, that she never would consent to the marriage of her daughter with a fiddler; and, indignant at the expression, he declined all further intercourse. After the death of the mother, the father renewed the acquaintance, and informed him that all obstacles were removed; but he replied, that the time was now past; and the young lady fell into decline, which soon terminated her existence. The second attachment, was a lady splendidly related, whose hand he might have obtained by renouncing his profession. That condition he resolutely refused, and laudably declined the connection which was to prove a restriction on the great faculties of his mind.
William Coxe, Anecdotes of G.F. Handel and J.C. Smith, (1799).

Companheiro de Handel, e por muitos anos da sua vida, foi o seu fiel criado, o qual após a morte do compositor foi por testamento feito um dos seus herdeiros.

I have heard it related, that when Handel's servant used to bring him his chocolate in the morning, he often stood silent with astonishment (until it was cold) to see his master's tears mixing with the ink as he penned his divine compositions; which are surely as much the pictures of a sublime mind as Milton's words.
William Shield, An Introduction to Harmony (1800)

Conta-se que antes das actuações Handel detestava ouvir os ruidos de afinação dos instrumentos da orquestra, por isso os músicos tinham o hábito de afinar os seus instrumentos muito antes do compositor chegar ao teatro (presumo que Covent Garden). Certa noite em que o Princípe de Gales estaria presente, um engraçadinho terá previemente desafinado todos os instrumentos da orquestra. Quando o Principe entrou na sala, Handel deu o sinal para que a orquestra começasse con spirito. Mas foi tal a chinfrineira que o compositor enraivecido levantou-se do seu lugar, e virando ao contrário com grande alarido um enorme contrabaixo que se encontrava no seu caminho, agarrou numa baquete de tambor e atirou-a com grande violência ao musico que dirigia a orquestra (nessa época, não havendo ainda a figura do maestro, era o concertino), saltando-lhe inclusivé a peruca da cabeça com o esforço. Sem sequer se compor avançou diante da orquestra, de cabeça descoberta, berrando por vingança, da tal maneira cego de raiva que mal conseguia articular as palavras, por entre as gargalhadas do público. O próprio Princípe de Gales arriscou aproximar-se do gigante enraivecido e com muita dificuldade lá lhe conseguiu acalmar a fúria. Apenas nesse momento Handel se voltou a sentar ao cravo e continuar a actuação.

Quando tocava:

Silence, the truest applause, succeeded, the instant that he addressed himself to the instrument; and that was so profound, that it checked respiration, and seemed to control the functions of nature.
Sir John Hawkins, A General History of the Science and Practice of Music (1776).

When jaundice jealousy, and carking care,
Or tyrant pride, or homicide despair,
The soul as on a rack in torture keep,
These monsters Handel's music lulls to sleep.

Anónimo, 1740 .

De novo, Sir Isaac Newton:

Upon my mentioning to [Sir Isaac Newton] the rehearsal of the Opera to night (Radamisto) he said he never was at more than one Opera. The first Act he heard with pleasure, the 2d stretch'd his patience, at the 3d he ran away.
Diário do Reverendo William Stukeley, 18t de Abril de 1720

George Bernard Shaw:

It was from Handel that I learned that style consists in force of assertion. If you can say a thing with stroke unanswerably you have style; if not, you are at best a marchand de plaisir, a decorative littérateur or a musical confectioner, or a painter of fans with cupids and cocottes. Handel has this power...You may despise what you like; but you cannot contradict Handel.

Handel is not a mere composer in England: he is an institution. What is more, he is a sacred institution.

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Fotos do outro mundo - Berço de estrelas


[ Crédito: NASA STScI-PRC1995-44b ]

Coluna imensa de gás de hidrogénio frio e poeiras onde nascem estrelas, aninhadas cada qual dentro dos pequenos "dedos" que despontam da coluna gigante. Cada um desses "dedinhos" é maior que o nosso sistema solar.

Fotografia do telescópio Hubble.

Prossegue a desinfestação

Aleluia! O Calimero demitiu-se!

O Polvo



Mas já que estamos nas covas do mar, antes que saiamos delas, temos lá o irmão polvo, contra o qual têm suas queixas, e grandes, não menos que S. Basílio e Santo Ambrósio. O polvo com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela; com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura, a mesma mansidão. E debaixo desta aparência tão modesta, ou desta hipocrisia tão santa, testemunham constantemente os dois grandes Doutores da Igreja latina e grega, que o dito polvo é o maior traidor do mar. Consiste esta traição do polvo primeiramente em se vestir ou pintar das mesmas cores de todas aquelas cores a que está pegado. As cores, que no camaleão são gala, no polvo são malícia; as figuras, que em Proteu são fábula, no polvo são verdade e artifício. Se está nos limos, faz-se verde; se está na areia, faz-se branco; se está no lodo, faz-se pardo: e se está em alguma pedra, como mais ordinariamente costuma estar, faz-se da cor da mesma pedra. E daqui que sucede? Sucede que outro peixe, inocente da traição, vai passando desacautelado, e o salteador, que está de emboscada dentro do seu próprio engano, lança-lhe os braços de repente, e fá-lo prisioneiro. Fizera mais Judas? Não fizera mais, porque não fez tanto. Judas abraçou a Cristo, mas outros o prenderam; o polvo é o que abraça e mais o que prende. Judas com os braços fez o sinal, e o polvo dos próprios braços faz as cordas. Judas é verdade que foi traidor, mas com lanternas diante; traçou a traição às escuras, mas executou-a muito às claras. O polvo, escurecendo-se a si, tira a vista aos outros, e a primeira traição e roubo que faz, é a luz, para que não distinga as cores. Vê, peixe aleivoso e vil, qual é a tua maldade, pois Judas em tua comparação já é menos traidor!

Oh que excesso tão afrontoso e tão indigno de um elemento tão puro, tão claro e tão cristalino como o da água, espelho natural não só da terra, senão do mesmo céu! Lá disse o Profeta por encarecimento, que «nas nuvens do ar até a água é escura»: Tenebrosa aqua in nubibus aeris. E disse nomeadamente nas nuvens do ar, para atribuir a escuridade ao outro elemento, e não à água; a qual em seu próprio elemento é sempre clara, diáfana e transparente, em que nada se pode ocultar, encobrir nem dissimular. E que neste mesmo elemento se crie, se conserve e se exercite com tanto dano do bem público um monstro tão dissimulado, tão fingido, tão astuto, tão enganoso e tão conhecidamente traidor!

Padre António Vieira
Sermão de Santo António aos Peixes
(São Luís do Maranhão, Brasil, 13 de Junho de 1654)

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Antiguidades



A marcha imparável do progresso.

Por causa de uma crítica

A propósito da estreia em Portugal da ópera Dionisio, Re di Portogallo de Handel (primeiro ensaio da obra definitiva Sosarme, Re di Media), leio a crítica no Público:

Quanto à prestação do Complesso Barocco e à direcção de Alan Curtis, não sendo tão imaginativa ou arrojada como a de outros agrupamentos vocacionados para este repertório e tendo até algumas falhas (afinação nos "soli" de violino, deslizes nos oboés e trompas), funcionou em geral bem e evidenciou uma compreensão estilítica competente da música de Haendel.
(Cristina Fernandes)

Eu torço o nariz... Não duvido da senhora, que deve ser competentíssima, e mais entendida na matéria. Mas custa-me a crer que a coisa tenha sido tão insípida, que querem que vos diga? Que se trate de um dos mais importantes intérpretes actuais de Handel e da sua orquestra, responsáveies pelas primeiras gravações mundiais de obras como Rodrigo, Lotario, Deidamia, Admeto ou Arminio, nem palavra em toda a crítica. Todas elas gravações aclamadas pela crítica e premiadas internacionalmente. Mas fica-nos os conforto de que “funcionou em geral bem”. E que até “evidenciou uma compreensão estilística competente da música de Haendel”... Deve ser do meu mau feitio. Eu que até já ouvi a Orquestra Gulbenkian a rastejar atrás da guincharia da Fleming. Os gritos histéricos do público que aplaudiram nessa noite na Gulbenkian não desmentem. Acho que sei o que é o horror traduzido em música. Master Handel deve ter dado coices no túmulo.

Volto a dizer: eu não sei se será problema meu ou problema do público e dos críticos que frequentam o São Carlos e a Gulbenkian. Podem sempre calar-me dizendo do alto do pedestal que eu nem sei solfejo e tal, quanto mais criticar a música dos músicos! Mas tenho ouvidos. E se os músicos e os críticos vivem da autofagia, pois que se tranquem todos dentro de uma sala e que se devorem. Eu fico do lado de cá da porta, de orelha encostada à mesma, refastelado, a ouvir.

Vivendo em Portugal aprendi que o caviar é parco alimento para quem vive de feijoada.

Brideshead revisited

Ontem voltei à escola, não para estudar, mas para votar. Voltei ao meu velho liceu, o Gil Vicente no bairro da Graça. Tudo no mesmo sítio, mas estranhamente mais pequeno. No entanto ainda lá estão as arcadas, as paredes austeras (mas agora pintadas de fresco) as árvores, muitas árvores, o casario de Lisboa ao longe, e os campos desportivos rodeados pelo gigante mosteiro de São Vicente de Fora e pela muralha fernandina. Eram os limites do meu mundo adolescente, tudo começava e acabava ali, todas as relações, todas as fidelidades, os namoros, os primeiros cigarros e a minha primeira paixão, os ajustes de contas no pátio, o nariz a sangrar, as musicas cantaroladas, os planos, as intrigas, as alegrias, tudo.

Mais em termos afectivos que em termos materiais posso dizer que a minha existência actual se encontra a milhas daquele sítio.

Já por diversas vezes pensei mudar o meu recenseamento eleitoral para outras freguesias, mas acabo por nunca o fazer. Ontem percebi porquê.

A bela e o monstro

Mais uma vez a dura realidade serve para separar o trigo do joio: Paulo Portas assume as suas responsabilidades, com honra e dignidade, e mesmo que volte (e eu espero que volte, não porque goste dele mas porque creio que o seu contrapoder é precioso) já está desculpado. Apesar do teatro todo, da vozinha embargada e do olhito lacrimejante.

Entretanto os invertebrados continuam a escorregar para o abismo, caninamente seguindo o líder. Tristes e patéticas figurinhas que ontem guinchavam de alegria azeda enquanto o incompetente se pregava à cadeira e debitava mais um ridiculo discurso de vitimização. Ainda não lhes bastou. No final, quando só lhes restar o bunker e tudo por cima deles estiver em chamas, talvez eles percebam.


Música para hoje: Sonata para piano n.º 6, Op. 10 n.º2 de Beethoven
Artur Schnabel, piano - gravação de 10 de Abril de 1933 - [ Naxos 8.110694 ]

Hoje. Para nós um dia cheio de sol, mesmo com nuvens no céu.